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Cuidai dos enfermos e cuidai das nossas enfermidades

O Dia Mundial do Enfermo é celebrado em 11 de fevereiro. Esta data, segundo orientação de São João Paulo II, ao institui-la em 1992, diz respeito à preocupação da Igreja, estendida à sociedade, com o ambiente em que vivem pessoas enfermas, ou seja, buscando para elas e os demais envolvidos, um ambiente curativo e não agravante de situações de suas enfermidades. 
A tarefa de cuidar dos enfermos, que deveria ser preocupação da humanidade, nem sempre levado a termo por diferentes fatores. O fato de em algumas culturas a enfermidade estar associada ao rompimento de preceitos religiosos não contribuiu para efetivação da acolhida, respeito e cuidado dos doentes, gestos também facilitadores da cura. São limites a serem superados. Também lembramos que em muitas culturas a pessoa encarregada das ervas medicinais e processos curativos tinha um papel sagrado, devido a sua importância na prevenção, cuidado e proteção da vida. A enfermidade é uma ameaça à vida, por isso a preocupação histórica com esta anomalia.
A Sagrada Escritura apresenta vários episódios de cura a partir da fé e do cuidado dispensado ao enfermo. No Antigo Testamento são descritos vários episódios de cura. Vejamos: quando o profeta Eliseu cura Naamã, o sírio (1Rs 5, 1-27); a cura da irmã de Moisés (Nm 12, 11-15); a cura do rei Nabucodonosor (Dn 4, 1-34); também há salmos suplicando a cura (Sl 6; 22; 38; 39; 88;1-12; 143). Encontramos ainda, no livro do Eclesiástico, uma menção especial ao papel do médico devido sua capacidade de contribuir com a cura das pessoas (Eclo 38, 2-6). 
Jesus, durante a sua missão, sempre manifestou uma preocupação especial com as pessoas doentes. São vários os relatos bíblicos neotestamentários que revelam esta prática do Filho de Deus. Chamo atenção para o Evangelho de Marcos, que narra um dia de missão de Jesus. Ele sai da Sinagoga, vai até a casa de Pedro e cura sua sogra (Mc 1, 30-31); após o pôr do sol acolhe outros doentes e possuídos por demônios e os curou (Mc 1,34). Marcos também relata o encontro de Jesus com um leproso que buscava a cura (Mc 1, 40-45); ou então o encontro com o homem paralítico também em busca de cura (Mc 2,1-12). Outros evangelistas também abordam a missão de Jesus curando as pessoas. Jesus, em determinado momento da peregrinação, enviou os discípulos em missão para contribuírem na obra. Parte do compromisso deles consistia na cura dos doentes (Mt 10, 1-4; Mc 6, 7-13; Lc 9, 2-6; 10, 4-12. Os seguidores de Jesus também foram pessoas comprometidas com a cura, como relata os Atos dos Apóstolos.
A comunidade cristã, constituída após a morte e ressurreição de Jesus, também assumiu o cuidado com os enfermos como compromisso oriundo da fé. Lembra-se especialmente a orientação da carta de Tiago que assim instrui a comunidade: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tg 5, 1-16).
O cuidado e a busca da cura dos enfermos são tarefa cristã e estão fundamentados na Sagrada Escritura, assim também como na tradição eclesial. São muitos os santos que deram um testemunho de santidade doando sua vida pelos enfermos, sobretudo em períodos de grande calamidade. Cita-se, por exemplo, São Luís Gonzaga, São Camilo de Lelis, São Pedro Claver, Santa Dulce dos pobres, entre outros. 
A preocupação com as situações de enfermidade move todos nós. É compromisso humano e com força maior compromisso cristão. Demanda dessa preocupação central a atenção para superarmos as realidades geradoras de enfermidades. No começo da pandemia da Covid-19 (2020), ainda surpresos com o alcance daquela enfermidade, ouviu-se o Papa Francisco chamar a atenção para a humanidade enferma, ou seja, não era este ou aquele indivíduo que estava doente, mas a humanidade toda. Os sinais estavam explícitos, mas não foram vistos. Dizia o Papa no entardecer do dia 27 de março de 2020: “na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: Acorda, Senhor! A humanidade manifestava preocupação quanto ao seu futuro devido à pandemia. Fomos tocados e modo contundente pela consciência da nossa fragilidade. Não eram apenas os contaminados que estavam ameaçados, mas toda a humanidade”.
O Dia Mundial do Enfermo provoca a compreensão de que a doença não atinge apenas a pessoa, mas todo o seu círculo de relações. Estamos ainda aprendendo quanto a amplitude da enfermidade, afinal tudo está interligado.  
Estejamos atentos aos enfermos e também nos preocupemos com um contexto que continua gerando diferentes tipos de enfermidades porque está contaminado e precisa buscar a sanidade. 
Cuidemos dos enfermos e cuidemos das nossas enfermidades.
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