Sintomas como cansaço visual e dor de cabeça após um longo tempo de exposição a tela de um computador, televisão, celular ou tablet se tornam cada vez mais frequentes entre a população.
A médica oftalmologista, membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo, Dra. Mariana Frighetto Tres auxilia a compreender como o uso de aparelhos eletrônicos afeta a visão.
“O uso excessivo de aparelhos eletrônicos como, computadores, tablets e celulares por um período prolongado e com frequência diária podem afetar a acomodação visual, que é responsável pelo foco de perto através do músculo ciliar e do cristalino. Sendo assim, ficar horas na frente de aparelhos eletrônicos pode causar ou agravar problemas como miopia, enxaqueca, estrabismo. As crianças são mais afetadas, pois estão em desenvolvimento visual, por isso, é importante limitar o uso das telas na infância”, pontua Dra. Mariana.
Sintomas que podem indicar que a visão está sendo prejudicada
“O uso excessivo de aparelhos eletrônicos está associado ao ressecamento ocular, dores de cabeça, sensação de cansaço visual (devido ao esforço muscular excesso na acomodação visual), fotossensibilidade, vermelhidão ocular e até mesmo estrabismo (desvio ocular).” enfatiza a especialista.
Aumento dos casos de miopia alerta profissionais e organizações de saúde
“Segundo a Organização Mundial de Saúde, até 2050, metade da população mundial sofrerá de miopia. A OMS já considera a doença uma epidemia do século 21. De acordo com a instituição, há 59 milhões de pessoas com essa condição no Brasil. No mundo, o número de pessoas míopes já chega a 2,6 bilhões. Durante a pandemia da COVID-19, devido a necessidade de isolamento, fechamento de escolas, o ensino se tornou à distância, através do uso da tecnologia, sendo assim, as crianças aumentaram a sua exposição diária ao uso de eletrônicos o que também contribui para o problema. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em 2021, apontou que sete em cada dez médicos entrevistados relatou crescimento de casos de miopia entre crianças. Além do tempo gasto nos aparelhos eletrônicos, também foi relatada a falta de participação em atividades ao ar livre.” descreve Dra. Mariana Frighetto Tres, oftalmologista e membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo.
A especialista complementa quais são as recomendações para o uso saudável de telas por adultos e crianças.
“Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria (SBOP), segue-se as orientações para o uso de telas na infância: menores de 2 anos não devem utilizar, nem passivamente; 2 a 5 anos – máximo de 1h ao dia; 6 a 10 anos – máximo 1 a 2h ao dia; 11 a 18 anos – máximo de 2 a 3 horas ao dia; Além disso, outras orientações importantes: NUNCA deixar “virar a noite” jogando; Não permitir que crianças e adolescentes fiquem isolados; Nada de telas durante as refeições; Desconectar 1 a 2 h antes de dormir”. enfatiza Dra. Mariana.
No caso dos adultos que ficam expostos a telas por mais de oito horas ao dia, utilizando para trabalho, por exemplo, e apresentam desconfortos relacionados à Síndrome da Visão do Computador Dra. Mariana complementa:
“Utilizar a regra do 20/20/20 – Cada 20 minutos em frente ao computador, olhar a 20 pés (6 metros) por 20 segundos; sentar a uma distância de 1 metro do computador; usar lágrimas artificiais (conforme orientação oftalmológica); aumentar o contraste da tela e diminuir o brilho; diminuir o uso de lentes de contato; ficar com o olhar a 30º do computador (a pálpebra fica para baixo, protege a evaporação da lágrima); em caso de dúvidas, marcar consulta com o seu médico oftalmologista.”
Colaboração: Dra. Mariana Frighetto Tres, médica oftalmologista, membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo.