HSVP conta com estoque de soros que inibem a ação dos venenos no organismo
O verão gaúcho está sendo bastante rigoroso, com registros de temperaturas beirando os 40°C. Como o período é de férias e dias mais longos, muitas pessoas buscam programas em barragens, cachoeiras e matas na tentativa de amenizar um pouco do calor escaldante. Acontece que atividades realizadas junto à natureza pedem um cuidado maior no sentido de evitar acidentes com animais peçonhentos e venenosos.
A Emergência do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo contabiliza um aumento no número de pacientes que tiveram contato com cobras, aranhas, escorpiões e abelhas. Em 2022 foram 47 notificações de casos, de acordo com o Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, enquanto que o primeiro mês deste ano fechou em dez atendimentos. O médico nefrologista do HSVP e professor da UPF, Dr. Alaour Duarte, orienta a comunidade sobre como agir em caso de acidentes.
De acordo com o especialista, na nossa região os acidentes mais comuns são com taturanas. “Essas lagartas se reproduzem com o calor do verão, enquanto que no inverno elas ficam escondidas em casulos. Elas são encontradas, geralmente, agrupadas em árvores que ficam em locais onde não está batendo o sol. Então, a minha recomendação é de que a pessoa olhe sempre antes de colocar a mão em qualquer lugar em uma mata”, disse o médico.
CONDUTA CORRETA
A primeira conduta que qualquer pessoa deve tomar ao ter contato com algum animal é capturá-lo ou fotografá-lo. Este registro pode ser encaminhado para Centro de Informações Toxicológicas (CIT) que, através do 0800.721.3000, ajuda na identificação correta da espécie e orienta sobre a necessidade ou não de atendimento médico. “Essa definição é importante para definirmos o grau de risco do paciente, quando não for assistido rapidamente, poderá haver a alteração na coagulação do sangue dentro do período de 24 a 72 horas”, alertou o Dr. Alaour.
O cuidado também precisa ser redobrado nos acidentes envolvendo jararacas e outras serpentes, sendo que a orientação é procurar imediatamente o hospital para aplicação do soro, caso haja necessidade. “Quando isso ocorre no tempo certo a toxina do veneno da cobra é bloqueada e o paciente não vai apresentar nenhum problema grave. Mas se houver demora no atendimento podem ocorrer complicações mais sérias, entre elas, hemorragias, paralisação de órgãos vitais e até mesmo óbito. E não podemos esquecer de nos preocupar com os ataques de aranhas, já que a doença em evolução pode provocar necroses profundas na pele e a necessidade de enxerto, nesses casos o tratamento é feito com corticoide”, explicou o nefrologista.
Na região, o Hospital São Vicente de Paulo é referência neste tipo de atendimento médico, porque a Emergência está preparada para fornecer, aos pacientes e outros municípios, os antídotos necessários para serem administrados em todos os tipos de acidentes com animais peçonhentos e venenosos. Além disso, o seu laboratório de Ensino e Pesquisa presta consultorias para outras instituições de saúde e, juntamente com o Instituto Butantan, desenvolveu com recursos próprios um soro anti-taturana. Afinal, o tratamento para acidentes com taturanas deve ser feito com soro específico.
ANIMAIS NÃO VENENOSOS
Conforme o nefrologista Alaour Duarte, no Rio Grande do Sul é comum a presença de abelhas, lagartas e escorpiões não venenosos. Por isso, nos acidentes sem uma reação alérgica não há necessidade de atendimento médico, pois o que a pessoa vai sentir é somente um desconforto no local. Já as lagartas, que não são taturanas, provocam lesões urticantes ou dores que podem ser controladas com uso de água e gelo. Os escorpiões têm situação semelhante à da lagarta, porque as espécies venenosas são encontradas principalmente nas regiões nordeste, sudeste e centro-oeste.
“Redobrar a atenção é uma dica valiosa para as pessoas que querem aproveitar barragens, cachoeiras e matas em segurança. Isso porque, geralmente, as cobras descansam e fazem a digestão nestas áreas específicas e ensolaradas. Então, sugiro aos trabalhadores do campo utilizarem luvas e botas de cano longo para evitar que a presa das serpentes consigam ultrapassar. Por último, de forma alguma faça torniquetes, cortes ou sangrias no local de contato com os animais. Havendo qualquer dúvida, procure sempre o serviço de Emergência do HSVP”, finalizou o médico especialista.
Texto e fotos: Ana Paula Koenemann – Comunicação HSVP
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